(Des)igualdade de género nos órgãos das cooperativas portuguesas: uma análise exploratória.
DOI:
https://doi.org/10.21171/ges.v14i2.3107Palavras-chave:
Igualdade de gênero, Cooperativas, Princípios cooperativos, Igualdade formal, Participação femininaResumo
Neste artigo pretendemos refletir sobre os modos de estruturação do campo empírico da igualdade de género no seio das cooperativas em Portugal. A existência de uma conexão profunda e íntima entre o regime jurídico das cooperativas e a igualdade de género serviu de ponto de partida para este estudo. A igualdade constitui um valor estruturante do regime jurídico das cooperativas, em estrita ligação com os princípios cooperativos, com particular destaque para os princípios da gestão democrática, da adesão voluntária e livre, da educação, formação e informação e do interesse pela comunidade.
Para além de uma igualdade formal, que resulta da legislação cooperativa, dos estatutos e dos regulamentos internos da cooperativa, o estudo pretende averiguar se existe uma igualdade de gênero construída. Com esse fim, a partir de uma fonte secundária, procedemos à análise documental da Base de Dados do Portal de Credenciação, a qual representa 749 cooperativas com credencial válida à data de 30.11.2018, fornecida pela CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social. A Base de Dados resulta do fornecimento, por parte das próprias cooperativas, de informação relativa ao exercício de 2017, quanto ao: número de membros da Mesa da Assembleia-Geral, número de membros do Órgão de Administração e número de membros do Órgão de Fiscalização. Para o efeito, realizaram-se testes não paramétricos para avaliar se existem diferenças significativas nos papeis desempenhados por mulheres e homens nas cooperativas portuguesas e se essas diferem por ramo, região, dimensão e antiguidade da cooperativa. Os dados apresentados revelam uma hierarquização clara na participação das mulheres entre as três grandes categorias em análise. De forma decrescente, as mulheres assumem maior peso no trabalho voluntário (65,7%), seguido do trabalho remunerado (58,8%) (com uma sub-hierarquização entre mulheres não cooperadoras e cooperadoras) e, por fim, nos órgãos de administração e de fiscalização (22,9%).
Downloads
Referências
FICI, A. (2018). Artigo 22º. In Deolinda Meira & Maria Elisabete Ramos (eds), Código Cooperativo anotado, 135-137. Coimbra: Almedina.
HIEZ, D. (2013). Coopératives. Création, Organisation, Fonctionnement. Éditions Delmas, Daloz,
INE (2019a). Conta Satélite da Economia Social 2016, INE.
INE (2019b). Inquérito ao Voluntariado 2018, INE.
MARÔCO, J. (2014). Análise estatística com o SPSS statistics. Lisboa: ReportNumber.
MEIRA, D. & RAMOS, M. E. (2015). Os princípios cooperativos no contexto da reforma do Código Cooperativo português. CIRIEC-España, Revista jurídica de economía social y cooperativa, 27: 401-428.
MEIRA, D. & MARTINHO, A. L. (2019). Igualdade de género e governação cooperativa em Portugal. Deusto Estudios Cooperativos, 12: 57-77.
NAMORADO, R. (2018). Artigo 3.ºº. In Deolinda Meira & Maria Elisabete Ramos (eds), Código Cooperativo anotado, 28-36. Coimbra: Almedina.
OLIM, A.C. (2018). Artigo 116.º. In Deolinda Meira & Maria Elisabete Ramos (eds), Código Cooperativo anotado, 616-620. Coimbra: Almedina.
PARENTE, C. & MARTINHO, A. L. (2018). The “places and non-places” held by women in social economy organisations. VOLUNTAS: International Journal of Voluntary and Nonprofit Organizations. J. No. 11266; Article No. 9942, available at: https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11266-017-9942-1
RIBAS BONET, M. A. & SAJARDO MORENO, A (2004). La desigual participación de hombres y mujeres en la economía social: teorías explicativas. CIRIEC-España, Revista de Economía Pública, Social y Cooperativa, 50: 77-103.
SENENT VIDAL, M. J. (2017). Aspectos de la perspectiva de género en la regulación jurídica de las cooperativas», In Ferraz Teixeira, M. & Ferraz Teixeira, M. (eds.), O Pensamento Feminino na Construção do Direito Cooperativo, 227-246. Brasília: Vincere Editora.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Como autor do artigo em anexo autorizo sua publicação, uma vez aprovado, na Revista GES - Gestão e Sociedade. Declaro ser de minha autoria o referido artigo e cedo, a título gratuito e em caráter definitivo, os direitos patrimoniais dele decorrentes. Assumo ainda inteira responsabilidade por seu conteúdo.
Autorizo a GES - Gestão e Sociedade a publicar em meio eletrônico, na Internet ou a reproduzir por outros meios que venha a utiliza, bem como a edição, reedição, adaptação ou distribuição do referido artigo.