A CONVIVÊNCIA DAS RACIONALIDADES CAMPONESA E ECONÔMICA NUM ASSENTAMENTO DO MST: SEMEANDO QUESTÕES SOBRE O TRABALHO
DOI:
https://doi.org/10.21171/ges.v5i12.1388Palavras-chave:
Trabalho, Significados do trabalho, MSTResumo
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem angariado diversas conquistas na consolidação de assentamentos pela reforma agrária no estado de Pernambuco. Nos assentamentos, o MST propõe uma forma de organização do trabalho peculiar, regida por lógicas diversas daquelas presentes nas agroindústrias. Isso instigou a curiosidade de conhecer qual a relação que os assentados estabelecem com o sistema produtor dominante e com a experiência dentro do assentamento. Isso permitiu compreender melhor a realidade de trabalho dos assentados rurais, em termos de representação e vivência do trabalho do assentado rural no campo, dentro do contexto do capitalismo, em contraposição ao trabalho proletário urbano ou rural (no agronegócio). Na construção do referencial teórico, considerou-se necessário, primeiramente, fazer um estudo sobre trabalho na contemporaneidade. Depois, foi enfatizada a persistência e as transformações que sofreu o campesinato no capitalismo, assim como as particularidades do trabalho do camponês em contraposição ao trabalho do proletário. Em especial, foi contrastada a racionalidade econômica e a racionalidade camponesa. A metodologia escolhida é qualitativa, uma vez que permite acesso a informações detalhadas de um pequeno número de casos e a conseqüente compreensão em profundidade de determinadas situações. Particularmente, esta pesquisa se classifica como um estudo qualitativo básico ou genérico, cuja análise dos dados tipicamente conduz a uma identificação de padrões recorrentes (na forma de categorias, fatores, variáveis, temas), mediante o emparelhamento com conceitos, modelos e teorias. Além das pesquisas bibliográficas e documental, foram realizadas entrevistas não-estruturadas e observação não-participante como métodos de coleta de dados primários. O lócus de investigação foi o assentamento Chico Mendes III, localizado na Região do Litoral Norte pernambucana. A interpretação dos dados obtidos foi feita através do método de análise de conteúdo e a comparação própria desta análise se deu entre categorias relacionadas ao referencial sobre campesinato e a realidade dos assentados. Como resultado o artigo pôde apontar a presença da racionalidade camponesa dentro dos assentamentos, hibridizada com a racionalidade econômica, mas ainda identificável. O trabalho do assentado também se destaca como diferente e valorizado por elementos como: autonomia, alternatividade, não instrumentalização do trabalho e união com a dimensão do lazer e do prazer. A presente pesquisa mostra uma trajetória de exclusão comum ao campesinato brasileiro: a expropriação, o êxodo rural, a exclusão do mercado de trabalho e o retorno a luta pela terra. É difícil concluir, dentro desse contexto, se o retorno ao campo por meio dos assentamentos rurais foi incitado mais pelo amor a terra ou pela trajetória de exclusão a que foram submetidos os camponeses pernambucanos. Assim, muito embora o anseio de ter o trabalho na terra tenha sido mais realçado pelos assentados do que o desejo de possuir um emprego formal, persiste a indagação de os assentados teriam interesse de lutar pela terra caso tivessem espaço no mercado de trabalho formal.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Como autor do artigo em anexo autorizo sua publicação, uma vez aprovado, na Revista GES - Gestão e Sociedade. Declaro ser de minha autoria o referido artigo e cedo, a título gratuito e em caráter definitivo, os direitos patrimoniais dele decorrentes. Assumo ainda inteira responsabilidade por seu conteúdo.
Autorizo a GES - Gestão e Sociedade a publicar em meio eletrônico, na Internet ou a reproduzir por outros meios que venha a utiliza, bem como a edição, reedição, adaptação ou distribuição do referido artigo.